A maior parte da creatina presente no organismo humano encontra-se no músculo esquelético. Pode ser obtida por síntese endógena, ou via alimentar, e ser armazenada sobretudo na forma de fosforilcreatina. Assim, desempenha seu papel na ressíntese do ATP. No que se refere a sua síntese endógena, sua regulação ocorre principalmente a nível renal, com a catalisação dos aminoácidos glicina e arginina em guanidinoacetato. Tal parte é efetuada pela enzima arginina:glicina amidinotransferase (AGAT). Após a formação de guanidinoacetato, no fígado observa-se sua metilação em creatina, com a ação da enzima guanidinoacetato N-metiltransferase (GAMT). Assim, um dos fatores que relacionam a creatina e o funcionamento renal é devido a sua síntese endógena com participação do rim. Creatina e alimentação Quando a creatina é consumida através da alimentação ou da suplementação, a mesma é absorvida e juntamente com a creatina sintetizada pelo organismo, é formado um pool de creatina e fosforilcreatina. Aproximadamente, 1,5 % desse pool é convertido não-enzimaticamente em creatinina (veja o esquema abaixo). Esse metabólito é excretado pela urina e é um dos marcadores mais utilizados na avaliação da função renal, devido a ser filtrado pelo glomérulo e não ser reabsorvido nem metabolizado pelo rim. Contudo, indivíduos que realizam a suplementação da creatina estarão aptos a apresentar maior nível sérico de creatinina, fato que pode “falsificar” os resultados de um exame de função renal. Esquema 1: Brosnan et al., 2016. Metabolização Alguns fatores podem levar a atenuação da metabolização da creatina sintetizada pelo organismo, como o menor consumo de água e a suplementação de creatina. Estudos apresentam que tais condições podem levar a menor expressão da AGAT, na qual está presente nos túbulos renais. Desse modo, indivíduos portadores de doenças renais crônicas estão mais sujeitos ao déficit de creatina, uma vez que a atrofia dos túbulos renais é um dos indicadores da insuficiência renal e do declínio da atividade da AGAT. Considerações finais Portanto, a creatina e o funcionamento renal, pelo menos até o momento, em indivíduos com a função renal preservada, não apresentam uma relação direta. Ademais, esse composto é um contribuinte essencial para a homeostasia energética celular que pode ser sintetizada pelo rim, e consumida via dieta e/ou suplementação. No que diz respeito a sua segurança, há diversas pesquisas nas quais demonstram que sua suplementação não acarreta em prejuízo da função renal, quando efetuada por indivíduos com funcionamento renal preservado. Acerca dos pacientes com insuficiência renal já estabelecida, mais estudos são necessários para que indicações mais precisas sejam difundidas (Leia o artigo – Além do músculo: os efeitos da suplementação da creatina). Para leitura mais aprofundada no assunto, segue a sugestão de leitura: ● 10.1007/s00726–016–2188–1 ● https://doi.org/10.3390/nu11051044 ● 10.1007/s00421–007–0669–3
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