A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal decorrente de um desequilíbrio energético, no caso, uma ingestão superior a demanda (balanço energético positivo). Essa doença possui uma etiologia multicausal, podendo ser determinada por fatores genéticos, psicológicos, ambientais e fisiológicos. Dentre os quais, destacam-se os hábitos alimentares, sedentarismo e privação/restrição do sono. Desse modo, a obesidade é um fator de risco que predispõe o surgimento de diversas enfermidades como a diabetes, hipertensão, dislipidemias e doenças cardiovasculares.
SONO
O sono é um estado caracterizado por uma resposta reduzida a estímulos sensoriais, atividade locomotora suprimida e reversibilidade rápida à vigília. Os estados de sono/vigília são mediados por processos fisiológicos que modificam a temperatura corporal, trabalho cardíaco e a produção hormonal. O sono é composto por duas fases distintas, rapid eye movement (REM) e non-rapid eye movement (NREM), os quais se manifestam em ritmos organizados ao longo de uma noite.
Diversos estudos identificaram associações entre a privação/restrição do sono e a disrupção do ritmo circadiano ao ganho de peso. Isso decorre a mudança de dois comportamentos endócrinos, capazes de alterar significativamente a ingestão alimentar. Como exemplos, seguem a diminuição do hormônio leptina e o aumento do hormônio grelina (Leia o artigo – Distúrbios do sono e metabolismo).
Hormônios
A leptina é produzida predominantemente no tecido adiposo e sua produção em níveis normais segue um ritmo biológico chamado “ciclo circadiano”. Esse ciclo, modulado pela secreção de dois hormônios: cortisol e melatonina, designa um período de aproximadamente 24 horas no qual picos de produção desses dois hormônios ocorrem. No momento em que estamos acordados, o ciclo é comandado pelo cortisol e, quando estamos dormindo, pela melatonina. A leptina é responsável pelo controle da ingestão alimentar, atuando em células neuronais do hipotálamo no sistema nervoso central (SNC). Ela é responsável também pelo aumento do gasto de energia mediado pelo sistema simpático e atua na regulação do metabolismo da glicose e de gorduras.
A grelina é produzida pelas Células Enteroendócrinas (CEE) do estômago e, em menor grau, pelo SNC. Possui como principais mecanismos a atividade secretora de GH e estimulante do apetite. Esse hormônio é responsável também pelo controle da secreção ácida e da motilidade gástrica, influência sobre a função endócrina pancreática e ainda ações cardiovasculares.
Sono e Obesidade
O sono e a obesidade, como a privação/restrição, está ainda relacionada a diminuição da tolerância à glicose, ao comprometimento da sensibilidade à insulina. Isso ocorre através da elevação dos níveis de cortisol, que atua como antagonista fisiológico, ou seja, um hormônio hiperglicemiante. Esses eventos, a longo prazo, podem induzir a um estado pré-diabético ou até à própria resistência à insulina.
O tempo adequado de sono, assim como o cumprimento de recomendações como praticar atividade física durante o dia, limitar a exposição à luz no período noturno, evitar ingestão de álcool, nicotina, cafeína e outros estimulantes antes de dormir. Ademais, deve haver a associação com à presença de um ambiente de sono tranquilo, confortável e escuro, visam proporcionar melhora na qualidade do sono. Estudos apontam que essas simples adequações, chamadas de estratégias de “higiene do sono”, são capazes de evitar distúrbios relacionados ao sono e síndromes metabólicas, prevenindo assim a incidência da obesidade e, por consequência, menos casos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).
Para um estudo aprofundado, seguem as sugestões de leitura:
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