O primeiro ponto a ser desmistificado quando falamos na estratégia nutricional Low Carb e sua relação ao emagrecimento, é que essa estratégia não é baseada no excessivo e/ou exclusivo consumo de proteínas. Assim como, também não é uma dieta rica em gorduras, também conhecida como High Fat. Muito menos, é a exclusão de todas as fontes de carboidrato da dieta ou baixíssimo consumo dessas, o que caracteriza uma dieta cetogênica.
Atualmente, a dieta tipicamente ocidental é baseada em uma alimentação rica em alimentos: industrializados, farinhas refinadas, açúcar, gorduras saturadas e óleos refinados. Onde, a maioria das calorias derivadas desse tipo de alimentação são provenientes de carboidratos.
Quanto de Carboidrato ao dia?
Em uma dieta low carb ou baixa em carboidratos, temos uma redução das quantidades desse macronutriente para uma ingestão que fique entre 50 a 150g por dia ou abaixo de 40% das calorias totais da dieta advinda de carboidratos. Neste protocolo, as principais fontes alimentares que fornecem esses carboidratos são os vegetais, frutas, tubérculos, cereais e leguminosas, principalmente os de baixa carga glicêmica. Esses valores são considerados bem inferiores aos das orientações nutricionais tradicionais preconizadas (DRI’s).
A fundamentação principal dessa estratégia é a seguinte: ao realizar uma restrição dos carboidratos advindos da dieta, com aumento da ingestão de proteínas e lipídios, ocorram efeitos metabólicos resultantes da redução da insulina liberada. Isso promoverá um aumento da circulação de ácidos graxos livres do tecido adiposo. Dessa forma, ocorre uma maior produção de corpos cetônicos no fígado. E por consequência, um aumento da concentração de cetonas circulantes (β-hidroxibutirato, acetoacetato e acetona) que passam a ser utilizadas pelos tecidos como fonte de energia, além do glicogênio hepático.
Além disso, essa estratégia promove preservação da massa magra, devido ao aumento da ingestão proteica; aumento da sensação de saciedade, devido ao aumento da ingestão de lipídios; reduz o processo inflamatório, pela redução da ingestão de carboidratos e aumento da ingestão de vegetais; e estimula as mitocôndrias, através do mecanismo de biogênese mitocondrial que leva a uma melhor eficiência do metabolismo.
E a Low Carb no exercício físico?
Pela possível promoção de uma melhora do controle glicêmico, do perfil lipídico, com significativo aumento de HDL, redução dos triglicerídeos, além de melhora de alguns parâmetros de risco cardiovascular, essa estratégia nutricional vem sendo bastante utilizada no tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), Síndrome do Ovário Policístico. Assim como, no tratamento de indivíduos com sobrepeso e/ou obesidade.
Porém, apesar de seus benefícios, essa estratégia parece não se mostrar tão interessante quando falamos na prática de exercício físico, principalmente se relacionando a atletas de performance. Isso se deve ao fato de que a redução de carboidratos pode prejudicar a capacidade do indivíduo de praticar atividades físicas, uma vez que seus estoques de glicogênio muscular estão reduzidos.
Também, encontramos na literatura relatos e resultado insatisfatórios dessa estratégia a longo prazo, principalmente devido à baixa adesão à restrição de carboidratos, ao aumento do peso de gordura corporal após período de adaptação metabólica e pela restrição severa de calorias por longo período de tempo, o que torna insustentável essa estratégia.
Estratégia low carb e emagrecimento
Por fim, não existem evidências científicas suficientes que corroborem que a estratégia low carb seja mais eficiente que outras estratégias tradicionais na perda de peso, sendo primordial para esse resultado a elaboração pelo nutricionista de um plano alimentar em déficit calórico. No entanto, essa estratégia pode ser bastante interessante no início do processo de emagrecimento ou mesmo de forma pontual. Também, para alguns pacientes que buscam resultados estéticos mais acelerados, sendo necessário a médio/longo prazo, a reavaliação da composição dessa dieta.
Porém, como pontuado anteriormente, no caso do tratamento de doenças como DM2 e Síndrome do Ovário Policístico, os estudos apontam que essa estratégia se apresenta de forma bastante eficiente. Como justificativa, pode promover uma redução da glicemia, e mantendo um controle glicêmico, os pacientes portadores dessas doenças apresentam melhora do quadro clínico: melhora do perfil metabólico, redução dos açúcares circulantes no sangue e melhora dos parâmetros hormonais.
Sugestões de leitura Complementar:
Blog BF eventos:
BRUNO, L. Castro, R. Reprogramando seus genes pela alimentação. Ed. PoloBooks, São Paulo – SP, 2018
XAVIER, S. C. Dietas pobres em hidratos de carbono na perda de peso corporal. Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, 2017. Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/106786/2/207185.pdf
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