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O que a ciência nos mostra sobre ômega 3?


Popularizado nos últimos anos o ômega 3 é um ácido graxo de cadeia poliinsaturada (PUFA), o que significa que possui duplas ligações em sua cadeia. As principais formas de ômega 3 são o ácido alfa linoléico (ALA), eicosapentaenóico (EPA) e docosa-hexaenóico (DHA). Ademais, existem vias metabólicas do nosso organismo capazes de converter ALA em EPA e DHA, mas que a conversão para DHA é menor. Portanto, as concentrações plasmáticas de EPA e DHA dependem de alimentos fontes, onde se destaca, principalmente, o óleo de peixe. Confira no texto a seguir o que há de evidências científicas sobre o ômega-3.

Efeitos cardioprotetores

O motivo pelo qual surge a preocupação em estudar ômega 3 é por seus supostos efeitos cardioprotetores. Sobre isso, alguns comitês recomendam 1g por dia, ou 2 porções de pescados por semana. Estudos suportam um efeito positivo no controle do perfil lipídico com o consumo e/ou suplementação de ômega 3, além de ser uma substância anti inflamatória e estar associada com atenuação de sintomas de síndrome metabólica (Leia o artigo – Inflammaging: como a nutrição pode agir). No entanto, os dados sobre diminuição de eventos cardiovasculares são contraditórios e não existe um consenso estabelecido. Uma meta análise de 10 estudos publicada no JAMA, envolvendo 77917pessoas, concluiu que não existem associações entre o consumo de ômega 3 e diminuição de eventos cardiovasculares, mesmo em pessoas com histórico familiar.

Função muscular

Outro efeito que passou a ser estudado sobre ômega 3 é a capacidade de melhorar a função e aumentar a massa muscular, relação também sem um consenso estabelecido. Um estudo de coorte, com quase 3000 voluntários, mostrou que o consumo de peixe seria um preditor de força muscular. Mais especificamente, na avaliação de força de preensão palmar. No entanto, os autores não avaliaram o consumo de ômega 3 diretamente, mas levantaram a hipótese de que poderia ser pois o peixe é a principal fonte de PUFA.

O processo de perda muscular é um efeito decorrente do processo de envelhecimento. Além disso, mesmo com o estímulo nutricional, a síntese protéica muscular em idosos parece ser menor que em indivíduos jovens. Nesse contexto surge a necessidade de intervenções para aumentar SPM em idosos.

Síntese proteica

Do ponto de vista bioquímico, EPA e DHA são capazes de melhorar a fluidez da membrana de células musculares, aumentando a captação de aminoácidos. Consequentemente, aumentando a SPM, no entanto, existem estudos que afirmam isso mas outros estudos mostram o inverso. Em adultos e em idosos os estudos que existem associando ômega 3 e aumento da SPM possuem limitações importantes.

Conclusão

Portanto, o que temos atualmente de evidências são, sobretudo, controversas e no futuro poderemos saber se realmente existe relação do ômega 3 com cardioproteção e melhora da funcionalidade e hipertrofia muscular. Sobre massa muscular e síntese protéica, o que existe de conclusão são estudos transversais que não mostram associação de consumo de EPA/DHA com aumento da SPM e massa muscular. Isso foi visto tanto em idosos, quanto em jovens. Também, há estudos longitudinais que mostram relação entre ALA e maior capacidade de extensão de joelhos, algo que pode ser aprofundado e replicado em estudos futuros. Já em estudos com intervenção dietética e protocolos de suplementação, alguns possuem conflitos de interesse e outros não mostram nenhum efeito. Concluímos que até o presente momento da ciência existem hipóteses, mas nao efeitos comprovados da eficácia do ômega 3.

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